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Major apresenta dados telemáticos para alegar que não monitorou Marielle Franco

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11 de junho de 2024, 21h10

O policial militar do Rio de Janeiro Ronald Alves de Paula, conhecido como Major Ronald, apresentou ao Supremo Tribunal Federal dados telemáticos para contestar sua participação nos homicídios da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes.

Assassinato de Marielle Franco completou seis anos, mas ainda não houve julgamento

Major Ronald foi alvo de mandado de prisão preventiva emitido pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, em maio. Ele já estava no presídio federal de Campo Grande, onde cumpre pena por homicídio e ocultação de cadáver.

A Procuradoria-Geral da República denunciou Ronald pelas mortes de Marielle e Anderson Gomes. Também foram acusados o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ); seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro; e o delegado da Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Nesta terça-feira (11/6), Alexandre de Moraes liberou a denúncia para julgamento pela 1ª Turma do Supremo.

Em resposta à acusação, a defesa de Major Ronald, comandada pelo advogado Igor de Carvalho, argumentou que o processo contra o policial não deve correr no STF, pois ele não tem foro por prerrogativa de função, nem pode ser atraído para a corte pelo fato de Chiquinho Brazão ser apontado como um dos mandantes do crime.

“Partindo-se da premissa com a qual o órgão ministerial labora, de que Ronald teria prestado mero auxílio, ainda que ele não fosse identificado e/ou denunciado, não haveria qualquer impedimento para que os supostos mandantes e os executores fossem processados e, eventualmente, condenados”, sustenta o criminalista.

Provas sem corroboração

Carvalho também menciona que a Polícia Federal não indiciou Major Ronald, e argumenta que os dados de geolocalização inseridos no relatório da PF, que subsidiaram a denúncia da PGR e foram apontados como corroboração às declarações do delator Ronnie Lessa, são falhos e não comprovam a participação do PM no delito.

O ex-policial militar Ronnie Lessa celebrou acordo de delação premiada e confessou a execução do crime. Foi ele quem apontou para os irmãos Brazão como mandantes, o que fez com que o caso fosse remetido ao Supremo, neste ano, em razão do mandato de deputado federal de Chiquinho Brazão.

A denúncia destaca que, em 6 de março de 2018, Major Ronald monitorou Marielle em evento na Universidade Cândido Mendes, no Centro do Rio. Porém, a defesa sustenta que, em tais data e horário, a vereadora estava em agenda no Conselho de Arquitetura e Urbanismo, também no Centro do Rio, mas em outra área, conforme dados das redes sociais da parlamentar.

Nos mesmos dia e horário, Major Ronald estava na aula inaugural do curso superior do Quadro de Oficiais da PM, no Centro Integrado de Comando e Controle da PM do Rio, na Cidade Nova. A defesa juntou fotos de Ronald e documentos de sua convocação para o evento.

Já no dia do homicídio, 14 de março de 2018, Ronald, conforme seu advogado, passou a manhã e a tarde em curso de formação para promoção a tenente-coronel na Cidade Universitária, na Ilha do Governador. Quando acabou, foi para a Barra da Tijuca, sem passar perto dos locais por onde Marielle transitou. A defesa apresenta dados de geolocalização para fundamentar seus argumentos.

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INQ 4.954

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