Amigo de secretário de Segurança de SP é investigado por suposta ligação com o PCC
22 de janeiro de 2025, 13h51
O Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público investiga denúncia sobre a suposta cooptação de policiais militares pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
Entre os investigados está o cabo José Roberto Barbosa de Souza, o Barbosinha. Ele é amigo e foi motorista do atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, nas Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Ele também tentou carreira política sob a alcunha de Cabo Barbosa, disputando uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2022. Foi o 458º mais votado, com 2.350 votos. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
A proximidade entre Barbosa e Derrite se tornou pública por causa de um episódio do podcast Papo de Rota, apresentado pelo atual secretário e que estava disponível no YouTube. “Olá amigos do nosso canal Papo de Rota! Hoje é um dia especial. Eu estou muito à vontade, eu estou trazendo um grande amigo aqui, um grande policial, um grande piloto de Rota. Depois de muita insistência, está aqui o cabo Barbosa, o Barbosinha”, afirmou Derrite. Após a investigação sobre Barbosa vir a público, o vídeo passou a ter acesso restrito na plataforma de vídeos.
A investigação que apura a conduta de Barbosa e outros policiais militares teve início em abril de 2024. O Gaeco recebeu uma denúncia sobre um esquema de cooptação de membros da Rota pelo PCC para trabalhar na segurança de chefes do grupo criminoso.
Além da proteção, eles estariam passando informações sigilosas para membros do PCC e até executando inimigos da organização criminosa. Foi a partir de denúncias como essa que o MP paulista identificou a ligação do PCC com a empresa de ônibus Transwolff, que culminou em uma série de prisões no fim de 2024.
No bojo da investigação da Transwolff, os promotores identificaram mensagens do sargento da Rota Alexandre Aleixo Romano para diretores da empresa de ônibus. Com a descoberta, Romano se afastou da Rota.
Inquérito
Conforme apuração da Corregedoria da PM Paulista, o cabo Barbosa também participava do esquema clandestino de segurança da Transwolff. O Inquérito 059/319/24 foi aberto por determinação do corregedor, o coronel Fábio Sérgio do Amaral.
O cabo Barbosa é investigado sob a suspeita de passar “informações sobre operações que seriam realizadas na Rota contra o crime organizado”. Ainda segundo o inquérito, ele “teria utilizado veículos de uma agência para montar seu comitê, os quais tinham ligações com criminosos do PCC”. No último dia 10 de novembro, a Corregedoria pediu a quebra de sigilo telemático de 16 policiais, entre os quais estão Barbosa e Romano.
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública comentou o caso:
“O Inquérito Policial Militar citado segue em andamento, e detalhes serão preservados por conta do segredo de Justiça, uma vez que qualquer divulgação pode comprometer as investigações.
O secretário Guilherme Derrite teve contatos esparsos com o policial citado quando atuou na Rota, há cerca de 15 anos, bem como atuou ao lado de centenas de policiais ao longo da sua carreira. Associar a conduta de outros policiais ao secretário trata-se de mera ilação.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) deixou claro que o sargento Barbosa não era motorista de Derrite na Rota, mas apenas do pelotão dele e que ambos não tinham proximidade.
A SSP acrescentou que a Polícia Militar é uma instituição legalista, que não tolera desvios de conduta e possui uma Corregedoria atuante para punir com severidade os agentes que descumprem as normas e protocolos da corporação e transgridem a lei”.
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