'Transparência' rebate reportagem da ConJur sobre 'índice de corrupção'
20 de fevereiro de 2025, 20h18
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ONG contestou reportagem publicada neste mês pela ConJur
A sucursal brasileira da organização empresarial que se apresenta como “Transparência Internacional” enviou a esta revista eletrônica, nesta quarta-feira (19/2), uma “notificação de correção”. A nota contesta a reportagem “Pesquisa da TI é preguiçosa e não tem metodologia, dizem ministros do STF”.
Leia a seguir a manifestação (e, ao final, a tréplica da ConJur):
NOTIFICAÇÃO DE CORREÇÃO
CONJUR — 11/FEV/2025A Transparência Internacional — Brasil solicita a correção do texto “Pesquisa da TI é preguiçosa e não tem metodologia, dizem ministros do STF”, publicado no Conjur em 11 de fevereiro de 2025, contendo uma série de informações falsas e deturpadas.
Há cinco anos, a Transparência Internacional (TI) é alvo de campanhas difamatórias e assédio judicial no Brasil. Uma vez mais, o Conjur publica uma matéria com conteúdo calunioso e difamatório contra a TI, sem consulta às posições da instituição.
Seguem as correções:
São falsas e caluniosas as afirmações de que “a Transparência Internacional sempre esteve próxima da falecida ‘lava jato’ para tentar obter dinheiro recuperado em investigações, e que não há transparência alguma sobre quem financia a entidade (…). Diálogos da ‘vaza jato’, por exemplo, indicaram que o ex-procurador Deltan Dallagnol cogitava repassar acordos firmados pela ‘lava jato’ à ONG, e que a entidade queria ficar com parte dos valores obtidos”.
A informação de que a Transparência Internacional tentou “obter dinheiro recuperado em investigações” é uma fake news que já foi exaustivamente desmentida pela Transparência Internacional — Brasil, pelo Secretariado global da Transparência Internacional na Alemanha, por autoridades brasileiras em manifestações oficiais e amplamente divulgado pela imprensa profissional brasileira e veículos internacionais.
Todas as nossas fontes de recursos, bem como nossas despesas, são publicadas integralmente e de forma transparente em nosso site. A prestação de contas é parte do nosso trabalho e um compromisso do nosso movimento global. Na seção “transparência” do nosso site está disponível nossa lista de doadores, nossa política de doações e demonstrações financeiras auditadas.
Sobre a afirmação “outro ministro do Supremo criticou a falta de uma metodologia clara no levantamento”, a Transparência Internacional — Brasil esclarece que:
A metodologia para a construção do IPC, incluindo detalhes dos indicadores utilizados, está disponível para consulta, como foi devidamente informado a um repórter do Conjur que procurou a organização no mesmo dia 11 de fevereiro.
Resposta da direção da Consultor Jurídico:
Não é verdade que a “Transparência” tenha informado como a sua “pesquisa” foi feita. Dizer que o levantamento ouviu “13 fontes de dados diferentes de 12 diferentes instituições” é ridículo. Como perguntou o ex-presidente do Tribunal de Contas da União, ministro Bruno Dantas: “Qual a amostra? Como ela foi selecionada? Que métodos estatísticos foram aplicados? Quem elaborou e que perguntas foram formuladas? A entrevista foi aplicada em todas as regiões do Brasil?”. A “Transparência” tampouco informa quando o levantamento foi feito ou quantas pessoas foram ouvidas.
Qualquer um pode dizer que ouviu 13 fontes de dados de 12 diferentes instituições e afirmar que a Transparência é uma ferramenta de setores econômicos que disputam mercados com o Brasil — e que fabrica índices falsos para enfraquecer interesses nacionais.
Outro cambalacho: misturar o “levantamento” com ataques pontuais ao Supremo Tribunal Federal e a empresas brasileiras. A conexão forçada deixa de ser difusa para ser mentirosa por associar eventos mal descritos a uma “percepção” anônima e apócrifa.
O truque de forçar confusão entre “percepção de corrupção” e corrupção de fato é primário e desonesto. Fosse minimamente coerente, a “Transparência” explicaria por que jamais falou da corrupção no país de sua matriz, no escândalo da Siemens. E esclarecer se a proteção tem ligação com o fato de ter, depois, recebido US$ 3 milhões da multinacional alemã.
A afirmação de que as fontes de recursos são conhecidas é outra balela. As entidades informadas no site da “Transparência” não imprimem dinheiro. Os gordos patrocínios que passeiam pelas contas dessas “fundações” são “doações” de empresas e setores econômicos camuflados.
Márcio Chaer
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