Em seu quarto mandato, Paes quer tornar Rio de Janeiro a capital da inovação da AL
29 de outubro de 2024, 8h25
Em seu quarto mandato como prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD) pretende intensificar os investimentos em tecnologia e inovação, para tornar a cidade o principal polo da área na América Latina. Para isso, pretende também fortalecer as redes de saúde, educação e transporte do município.
Paes foi reeleito prefeito do Rio de Janeiro no primeiro turno. Ele teve 60,47% dos votos válidos. O bolsonarista Alexandre Ramagem (PL) ficou em segundo lugar, com 30,81%.
Ao tomar posse para o quarto mandato em janeiro, Eduardo Paes se tornará o prefeito mais longevo da história da cidade — superando Cesar Maia (PSD), que se elegeu três vezes.
Um dos principais objetivos de Paes para sua nova gestão é posicionar o Rio como a capital da inovação na América Latina. Para isso, ele tem investido em parcerias com o setor privado para alavancar o desenvolvimento econômico da cidade. O governo criou a Companhia Carioca de Parcerias e Participações (CCPar), que fomenta e cuida das parcerias público-privadas. E criou a Invest.Rio, empresa de promoção e atração de investimentos da cidade.
“Um dos maiores símbolos desta parceria é o Porto Maravalley, o novo hub de inovação e tecnologia do Rio, que sintetiza o nosso objetivo de transformar o Rio na capital da inovação da América Latina. Nós entendemos que era preciso ter um norte, um planejamento de longo prazo, e não é possível ignorar que a tecnologia e a inovação têm alavancado o desenvolvimento econômico de outras cidades no mundo. Desenvolvemos o modelo em uma parceria com o privado, que está gerindo o local por meio de concessão”, afirma Paes à revista eletrônica Consultor Jurídico.
A área, revitalizada para a Olimpíada de 2016, já reúne 20 empresas e tem outras 80 inscritas. Um dos principais empreendimentos é o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). A entidade, que fornecia cursos de especialização e pós-graduação, inaugurou a graduação em Matemática da Tecnologia e Inovação em 2024. Trata-se de uma iniciativa conjunta da Prefeitura do Rio e do governo federal. Os alunos são selecionados pelas olimpíadas de matemática de todo o Brasil e vêm estudar na capital fluminense, com bolsa e alojamento.
No próximo mandato, Paes visa criar mais três hubs de inovação e tecnologia, inspirados no Porto Maravalley. “Vale ressaltar que além dessas iniciativas, organizamos as contas do município, melhoramos o ambiente de negócios, e tudo isso fez com que o mundo voltasse a olhar para nós com confiança e como um bom lugar para estar e investir”, afirma.
Por meio da Invest.Rio, a prefeitura divulga no exterior as oportunidades de negócios da cidade, atraindo empresas e eventos de negócios. Paes ressalta que o Rio voltou a fazer parte do calendário internacional de eventos, com o Web Summit, o Rio Innovation Week, o FII Priority Summit e o Finance of Tomorrow. A expectativa do prefeito é que as iniciativas em tecnologia e inovação gerem um impacto de R$ 1,5 bilhão na economia da cidade até 2028.
“O Rio trabalha intensamente seu futuro. Inclusive, com investimento maciço no transporte de massa. Estimular o uso desses modais é reduzir o número de veículos nas ruas e beneficiar as questões ambientais, que também são nossas preocupações constantes”, diz Paes.
Saúde, transporte e educação
Em seu quarto mandato como prefeito do Rio, Eduardo Paes também busca melhorar a saúde, o transporte e a educação.
Na saúde, o principal objetivo é reduzir o tempo de espera na fila do Sistema Nacional de Regulação dos Recursos de Saúde (Sisreg), construir dois Super Centros de Saúde, um na Zona Oeste e outro na Zona Norte, criar oito centros de referência dedicados às famílias das pessoas com o espectro autista e melhorar o abastecimento de medicamentos nas clínicas da família
No transporte, o prefeito visa estender as melhorias feitas no sistema BRT aos ônibus as linhas comuns da cidade.
Já na educação, a meta é alcançar 500 Ginásios Experimentais Tecnológicos (GETs). Trata-se de um modelo que fomenta o desenvolvimento de competências do século 21, por meio da abordagem Steam (Ciências, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática), aprendizagem baseada em projetos e recursos que promovam a cultura digital. Além disso, Paes quer que 70% das escolas da rede municipal tenham ensino em tempo integral. E ele busca crias mais vagas em creches.
Segurança pública
A principal responsabilidade pela segurança pública é do governo do estado do Rio de Janeiro, que comanda as Polícias Civil e Militar. E o governador Cláudio Castro (PL) tem se omitido nessa função, afirma Eduardo Paes. Mas a Prefeitura do Rio tem planos para o combate à criminalidade, dentro de suas competências constitucionais.
“Trocamos todo o sistema de iluminação, com 450 mil lâmpadas de LED. Realizamos ações de ordenamento e combate à ilegalidade, com prejuízo de R$ 1 bilhão ao crime organizado. Criamos o BRT Seguro, com redução de 90% do vandalismo. Mudamos o regime de trabalho da Guarda Municipal para colocar mais agentes nas ruas. Instalamos milhares de câmeras de vigilância ligadas ao Centro de Operações e criamos o Civitas — uma moderna central de inteligência 24h em apoio às forças de segurança”, destaca o prefeito.
Legado olímpico
Um dos principais feitos de Eduardo Paes foi a organização dos Jogos de 2016 no Rio de Janeiro, bem como todas as melhorias feitas na cidade para receber o evento.
A Olimpíada de 2016 gerou R$ 99 bilhões para a economia da cidade do Rio, revelou estudo da FGV Conhecimento sobre o legado dos Jogos sediados na capital fluminense. O levantamento indicou ainda a criação de 465 mil empregos diretos e indiretos.
Desde a organização dos Jogos Olímpicos, o PIB da cidade do Rio de Janeiro foi elevado em R$ 51,2 bilhões, além de R$ 5,3 bilhões em arrecadação de impostos. O estudo também apontou que a renda das famílias foi incrementada em R$ 36,2 bilhões.
O trabalho concluiu que “os projetos públicos e privados implicaram efeitos econômicos que vão além de seus objetivos iniciais”, atingindo regiões, setores e agentes que, à primeira vista, não seriam alvos das políticas e investimentos previstos. “A Prefeitura do Rio entregou um dos Jogos Olímpicos mais eficientes da história em termos do uso racional do dinheiro público”, afirmou o estudo.
O estudo é o primeiro a quantificar os impactos econômicos dos jogos em uma perspectiva mais ampla, pois incluiu tanto os empreendimentos estritamente ligados ao evento quanto aqueles viabilizados em contexto. Dessa forma, considerou dois grupos de investimentos: legados finalizados para os Jogos de 2016 e legados em andamento ou expansão, mesmo que implementados depois do evento.
No primeiro grupo estão, por exemplo, a criação do Boulevard Olímpico, a construção do Museu de Arte do Rio e do Museu do Amanhã, além de projetos de mobilidade. Já o legado posterior aos Jogos inclui iniciativas como a conversão de arenas usadas nas disputas em escolas e a transformação da Vila Olímpica no Parque Rita Lee.
Liderado pelos economistas Daniel da Mata e Joelson Oliveira Sampaio, da Escola de Economia de São Paulo da FGV, e por Bruno Rodas Borges Gomes de Oliveira, da FGV Conhecimento, o trabalho contou ainda com análises temáticas feitas por especialistas, alguns deles com atuação estratégica no planejamento e na gestão dos Jogos.
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