FÓRUM INTERNACIONAL

CEO do PicPay elogia atuação do BC em inovação no setor financeiro

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12 de outubro de 2024, 11h18

A necessidade de investir em inovação para lidar com as complexidades do ambiente de negócios brasileiro foi tema de debate entre alguns dos empresários mais proeminentes do país, durante o Fórum Esfera Internacional de Roma.

Empresários debateram sobre a necessidade de investir em inovação no ambiente de negócios brasileiro

Empresários debateram sobre a necessidade de investir em inovação no ambiente de negócios brasileiro

José Antônio Batista, CEO do PicPay, expressou seu otimismo em relação ao Brasil, destacando que o país está em uma fase positiva. Batista mencionou que o desemprego está em seu menor nível e que os números econômicos estão superando as expectativas dos analistas e afirmou, ainda, que os empresários precisam ser otimistas. “Empresário no Brasil tem que ser otimista porque o dia a dia tem muitas complexidades. No ano que vem, nossa economia seguirá boa”, afirmou. 

O CEO afirmou que o Pix iniciou com o PicPay em 2012 e, hoje, após a popularização feita pelo Banco Central, a operação segue avançando. “O PicPay é o precursor do Pix. Em 2012, com o PicPay, o usuário podia fazer pagamento 24 horas, 7 dias por semana, sem custo, é o Pix antes do Pix. E quando começou, a gente falou, poxa, será que nós vamos brigar contra ele ou será que nós vamos abraçar ele? Nós o abraçamos e, imagina, nós somos uma instituição que estamos começando, hoje 11% de todo o Pix do Brasil já é feito pelo PicPay”. 

Sobre o Banco Central, o CEO elogiou o trabalho feito por Roberto Campos Neto à frente do BC, e qualificou seu sucessor, Gabriel Galípolo. “Eu acho que o Campos Neto fez um excelente trabalho. A sucessão pelo Galípolo foi uma escolha excepcional, acho que vai ser uma pessoa que vai ponderado, que vai continuar fazendo todo o trabalho”. 

Demanda por cientistas

Carlos Sanchez, presidente do Grupo NC, falou dos desafios que o Brasil enfrenta, destacando que, embora o país esteja melhorando e se focando mais em tecnologia, ele ainda está preso a um 1% do mundo e precisa de uma revolução. Ele cita exemplos de países como a Coreia, Índia e China, que estão avançando rapidamente, enquanto o Brasil deve buscar melhorias revolucionárias, não apenas graduais. “Não existe desenvolvimento de tecnologia no Brasil sem cientista. Nós temos que trazer os pesquisadores. A ciência precisa sair das universidades e ir para os produtos. É isso que vai dar competitividade.” 

Durante o debate, Sanchez chamou a atenção do Governo sobre a necessidade de contratar cientistas e PhDs para fomentar a inovação. Disse ainda que a Anvisa está mais focada em riscos sanitários do que em inovação, o que atrasa o desenvolvimento de produtos. “Como agência de risco sanitário, é uma agência do primeiro mundo. Ela trouxe a indústria farmacêutica até aqui. Agora nós precisamos dar o próximo passo. Não é uma crítica, é uma evolução. A gente está muito conservador nesse ponto. Ela não está preparada, não está na missão da Anvisa Inovação, está na missão da Anvisa risco sanitário”. 

Outro participante do painel, João Adibe, CEO da Cimed, relata que, há mais de dez anos, começou a se adaptar à digitalização, enfrentando desafios pessoais, como negociar com a família sobre sua presença nas redes sociais. Ele ressalta que pessoas compram de pessoas e que a capacidade de se comunicar diretamente com o consumidor foi fundamental para escalar seus negócios, tornando sua empresa a mais vital do Brasil e uma das líderes globais.

“Porque pessoas compram de pessoas. Um produto que não fala não vende. E como eu sou um vendedor, eu comecei a conseguir falar direto com o consumidor. Então, eu falava com o cliente, eu não falava com o consumidor. E com isso, a gente conseguiu fazer uma escala. E hoje, dentro do nosso setor, nós somos a empresa mais vital do Brasil e uma das top 1 no mundo.” 

Dono de uma empresa da área farmacêutica, Adibe alertou que, no Brasil, apenas 35% da população utiliza medicamentos genéricos, enquanto no resto do mundo, o uso é de 90%. “A gente tem uma resistência (em usar genéricos). É uma questão de educação. A qualificação da nossa indústria não deve nada a nenhum país do mundo”.

Completando a discussão, o CEO do Google Brasil, Fábio Coelho, disse que o Google está investindo no Brasil há 20 anos e continuará a fazê-lo. Para viabilizar esses investimentos, é fundamental ter uma visão de país. “A gente conseguiu mostrar que investir no Brasil vale a pena. Essa visão de país passa, não apenas pelo que foi feito no Brasil, pelo nível de matriz digital que a gente tem, que é relativamente boa na maior parte do país, mas também porque o Brasil pode ser um país que ajuda a liderar essa revolução, primeiro na América Latina, depois em relação ao país emergentes”.

Coelho falou, ainda, sobre a atualização do Marco Legal da Internet, criado há dez anos. “Nós não somos contra a regulação. É importante você regular determinadas partes, mas tem que ser uma regulação que não iniba o empreendedorismo e não destrua os ecossistemas vigentes que trabalham ao redor das plataformas.” 

Por fim, o representante da big tech mencionou a questão climática e o papel do Brasil neste cenário. “O G20 e COP30 tornam o Brasil único. A gente pode mostrar ao mundo a combinação de fatores que temos no Brasil. Temos o agro com inteligência artificial e muita coisa boa sendo feita, há oportunidades de tratar a emergência climática e a transição energética, com uma receita de mudança para o planeta.” 

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