Sobrinho de delegada do Rio acusada de ligação com jogos de azar é absolvido
29 de novembro de 2024, 21h59
Por falta de provas de que a ex-delegada da Polícia Civil Adriana Belém buscava lavar dinheiro ao registrar um carro no nome de seu sobrinho Richard Silva, a 1ª Vara Criminal Especializada do Rio de Janeiro o absolveu.
Em 2022, Adriana Belém foi presa sob a acusação de integrar uma organização criminosa liderada pelo contraventor Rogério de Andrade, voltada à exploração de jogos de azar. Em um dos processos, ela e Silva foram acusados de lavagem de dinheiro porque a ex-policial comprou, em dinheiro vivo, um Jeep Compass para seu filho, no valor de R$ 181 mil, e o registrou em nome do sobrinho.
A ação penal contra Adriana foi desmembrada. Quanto ao sobrinho dela, o juiz Richard Robert Fairclough apontou que não ficou provado que Richard Silva tivesse conhecimento das práticas criminosas da tia e que o registro do carro em seu nome visava ocultar a origem dos recursos.
O julgador ainda apontou que o fato de que Silva procurou sua contadora antes de assinar a compra do carro mostra que ele quis se resguardar legalmente e não tinha a intenção de se envolver em possíveis delitos.
“Não se extrai dos autos a certeza de que o réu Richard tenha buscado a prática do delito aqui imputado, devendo prevalecer o princípio constitucional do in dubio pro reo, logo, diante da dúvida, a interpretação deve ser necessariamente em favor do réu”, destacou o juiz.
O advogado Carlo Luchione, do escritório Luchione Advogados, atuou na defesa de Richard Silva.
Histórico do caso
Adriana Belém foi presa em 2022 após a polícia encontrar cerca de R$ 1,8 milhão em espécie em seu apartamento na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. As cédulas estavam escondidas no quarto do filho da delegada. Ela é acusada pelo Ministério Público do Rio de fazer parte de uma rede de apoio ao bicheiro Rogério de Andrade. Segundo o MP, ela facilitou a devolução de máquinas caça-níqueis apreendidas em uma casa de jogos clandestina em 2018.
No dia 10 de maio, a 1ª Vara Criminal Especializada do Rio aceitou as denúncias do Ministério Público e decretou a prisão preventiva de 15 pessoas, entre elas Andrade, o delegado Marcos Cipriano e Ronnie Lessa — que já estava preso e foi posteriormente condenado por matar Marielle Franco e Anderson Gomes —, pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro envolvendo jogos de azar.
No fim de junho, a 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou o pedido de Habeas Corpus de Adriana Belém e Marcos Cipriano. O ministro do Supremo Tribunal Federal Nunes Marques revogou, em 2 de agosto, a prisão preventiva de Rogério de Andrade. Contudo, ao cumprir mandado de prisão preventiva contra o filho dele, Gustavo Andrade, investigadores afirmaram ter encontrado novas provas contra Andrade, o que motivou novo pedido de prisão, aceito pela Justiça. Com isso, ele acabou sendo preso pelos agentes. As detenções de pai e filho foram mantidas em audiência de custódia.
Processo 0117780-84.2022.8.19.0001
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