Anuário da Justiça Direito Empresarial

‘Quanto mais o Judiciário intervém, menos a sociedade assume responsabilidades’

 

25 de novembro de 2024, 18h33

A construção de métodos para estimular a resolução de conflitos por meio da conciliação e da mediação, a fim de reduzir a carga processual do Judiciário, foi o tema abordado pelo diretor da revista eletrônica Consultor Jurídico, Márcio Chaer, em seu discurso no lançamento do Anuário da Justiça Direito Empresarial 2024, na noite desta segunda-feira (25/11), na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista.

O diretor da ConJur, Márcio Chaer, discursa no lançamento do Anuário

A adoção de métodos autocompositivos como forma de estancar a alta litigiosidade, bandeira do atual presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ministro Luís Roberto Barroso, vai ao encontro do que se espera do Judiciário, segundo Chaer.

“Esvaziar o sistema Judiciário das causas pontuais, para que se possa valorizar o seu mais nobre papel — que é o de definir paradigmas coletivos e atuar menos em conflitos entre partes”, disse ele.

“Cabe a nós, a cada um e ao conjunto, construir as fórmulas que permitam transferir da Justiça estatal para um modelo extrajudicial de equacionamento de controvérsias. O modelo atual, que faz afunilar no Judiciário todas as questões — das menores às maiores — que norteiam as relações econômicas, políticas e sociais brasileiras, pede outro rumo.”

“Quanto mais a sociedade entrega ao juiz-Estado suas questões e quanto mais o Judiciário intervém nas relações públicas e privadas, menos a sociedade assume suas responsabilidades”, completou ele.

O evento contou com a participação de cerca de 200 pessoas. Entre os presentes estão o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva; o presidente do Conselho Superior de Assuntos Jurídicos da Fiesp, Cesar Asfor Rocha; a vice-presidente do Conselho Superior da Fiesp, Cecília Mello; o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; a desembargadora Maria Cristina Zucchi, representante do Tribunal de Justiça de São Paulo; o desembargador Heraldo Silva, presidente da Seção de Direito Privado do TJ-SP; o secretário da Justiça do estado de São Paulo, Fábio Prieto; e Leonardo Sica, presidente eleito da OAB-SP;

Editado pela ConJur, o Anuário da Justiça Direito Empresarial 2024 destrincha os principais conflitos relacionados ao mundo dos negócios, desde as controvérsias em torno do Direito de Insolvência (recuperação judicial e falência) até temas concorrenciais (marcas e patentes) e formação/dissolução de sociedades empresariais.

A publicação trata ainda de demandas empresariais que possuem relação com outros ramos do Direito, como tributário, trabalhista e penal (crimes praticados no exercício da atividade empresarial).

Mais do que um manual, o Anuário da Justiça Direito Empresarial é um guia com a melhor informação jurídica para a tomada de decisões corporativas.

Leia a seguir a íntegra do discurso de Márcio Chaer:

“Este encontro e o motivo de estarmos aqui tem um significado relevante.

As senhoras e os senhores são protagonistas do que há de mais importante para um país: o crescimento econômico do qual toda a sociedade depende para ter uma vida melhor.

Representamos as engrenagens da máquina geradora de empregos, impostos, alimentos, educação, saúde e tudo aquilo de que um povo precisa.

A força do país se baseia em pessoas. Mas também pelo que representam no contexto social.

Não é por acaso que este ato reúne o setor público e o setor privado. É dessa interação e interlocução que nascem as soluções de que o país precisa.

Cabe a nós, a cada um e ao conjunto, construir as fórmulas que permitam transferir da justiça estatal para um modelo extrajudicial de equacionamento de controvérsias.

O modelo atual, que faz afunilar no Judiciário todas as questões — das menores às maiores — que norteiam as relações econômicas, políticas e sociais brasileiras pede outro rumo.

Quanto mais a sociedade entrega ao juiz-estado suas questões e quanto mais o Judiciário intervém nas relações públicas e privadas, menos a sociedade assume suas responsabilidades.

As agências reguladoras precisam rever seu papel. O descompasso gerado pela falta de regras claras só faz entupir o canal judiciário. Quando se ignora os efeitos vinculantes, repercussões gerais e súmulas — o que ocorre no Executivo, no Legislativo e no próprio Judiciário — a segurança jurídica torna-se uma ficção.

As vias da conciliação, da mediação e da arbitragem precisam ser aperfeiçoadas para evitar que tudo desague na Justiça.

Esse é o desafio presente: esvaziar o sistema judiciário das causas pontuais, para que se possa valorizar o seu mais nobre papel — que é o de definir paradigmas coletivos e atuar menos em conflitos entre partes.

O Anuário que apresentamos aqui oferece a visão retrospectiva necessária para entender a máquina de resolver conflitos em seu conjunto.

Essa análise possibilita uma visão menos emocional que a do acompanhamento de casos no dia a dia.

A publicação mostra que muito além das emocionantes suposições de atos de corrupção ou das questões que envolvem Jair Bolsonaro, o país tem outros problemas a resolver.

O ranking dos principais problemas brasileiros, pelo mapa dos conflitos judiciais, é diferente do que se lê nas manchetes. O cálculo é de 34% para relações de consumo; 24% para o trabalho; 10% para o crime.

Claro, sem contar o volume de demandas do poder público, principalmente com execuções judiciais. Que é onde se vê que se vive num país onde o Estado só tem direitos e o contribuinte só tem obrigações”.

Anuário da Justiça Direito Empresarial 2024
2ª edição
188 páginas
Editora Consultor Jurídico
Versão impressa: Em pré-venda na Livraria ConJur (clique aqui para reservar a sua edição)

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