Estado brasileiro está preparado para enfrentar ameaças de ruptura, diz Celso de Mello
21 de novembro de 2024, 20h43
O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello, presidente da corte entre 1997 e 1999, entende que o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outras 36 pessoas acusadas de envolvimento em uma tentativa de golpe em 2022 comprova que o Estado brasileiro está preparado para lidar com quem deseja controlá-lo por meios antidemocráticos.
A investigação da Polícia Federal detectou a existência de uma organização criminosa que teria atuado em 2022, de forma coordenada, para manter Bolsonaro no poder. Entre os indiciados, além do ex-presidente, estão Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa de Bolsonaro e candidato a vice na chapa do ex-presidente em 2022; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); o policial federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Informação (Abin); e Valdemar Costa Neto, presidente do PL.
“Restou bastante claro como o Brasil esteve perigosamente próximo de uma ruptura institucional, promovida pela atuação sediciosa de uma organização criminosa temível e armada!!!”, afirmou o ministro.
“O Estado brasileiro, no entanto, por contar com servidores probos, intimoratos, leais à ordem democrática e fiéis à Constituição, soube como investigar, de modo legítimo e deferente à lei, esses inimigos da democracia, profanadores dos ideais republicanos, que conspiraram com o sórdido objetivo de perpetuarem-se, criminosamente, no poder”, disse Celso.
Leia a seguir a íntegra da manifestação do ministro aposentado Celso de Mello:
“O indiciamento realizado pela Polícia Federal e o teor de seu extenso e substancioso relatório expõem o caráter abominável do comportamento de Jair Bolsonaro e de seus sequazes, componentes dos 6 (seis) núcleos apontados pela autoridade policial, notadamente dos integrantes do círculo militar íntimo e a ele subserviente, que alegadamente teriam agido com sinistras intenções na busca ilícita (e transgressora da ordem democrática) pela perpetuação de Bolsonaro e de seu grupo no poder e no domínio do Estado.
O Estado brasileiro, no entanto, por contar com servidores probos, intimoratos, leais à ordem democrática e fiéis à Constituição, soube como investigar, de modo legítimo e deferente à lei, esses inimigos da democracia, profanadores dos ideais republicanos, que conspiraram com o sórdido objetivo de perpetuarem-se, criminosamente, no Poder.
Restou bastante claro como o Brasil esteve perigosamente próximo de uma ruptura institucional, promovida pela atuação sediciosa de uma organização criminosa temível e armada!!!
Os fatos objeto do relatório da Polícia Federal revestem-se de extrema gravidade.
A investigação conduzida pela Polícia Federal revelou a face sombria daqueles que, no controle do aparato executivo do Estado no quadriênio Bolsonaro, transformaram a cultura da transgressão ao regime democrático em prática ordinária de poder, como se o exercício das instituições da República pudesse ser degradado a uma função de satisfação de desígnios e ambições pessoais e de indevida apropriação do poder estatal!”
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