Cultura de litígio prejudica a conciliação e sobrecarrega o Judiciário, diz Salomão
5 de novembro de 2024, 20h41
O ministro do Superior Tribunal de Justiça Luís Felipe Salomão acredita que, no Brasil, há uma cultura de litígio que prejudica a conciliação e sobrecarrega o Judiciário. O vice-presidente da corte superior abriu o evento “Tratamentos adequados e soluções consensuais dos conflitos pelo sistema de Justiça”, nesta terça-feira (5/11), na Faculdade de Direito da USP, com uma palestra sobre o tema.
“Hoje, não há dúvida de que há uma situação de colapso. Você dizer que um ministro de uma corte superior aprecia mais de 40 recursos por dia é irreal. Nós precisamos avançar em outras soluções.”
Na palestra, Salomão refletiu sobre autoritarismo, corrupção do sistema e elaboração de soluções pacíficas para uma sociedade conflituosa à luz de três autores: Javier Marias, Franz Kafka e Augusto Cury. Para ele, as reflexões devem levar à discussão sobre como alterar a cultura de resolver problemas exclusivamente pela via litigiosa.
“Temos também uma série de questões jurídicas que não conseguiremos discutir hoje. Mas volto a dizer: criar soluções adequadas é uma questão cultural. Realizar eventos como este é importante para vermos onde erramos no passado, o que podemos corrigir para o futuro e para analisarmos os números atuais.”
Em sua fala, o ministro destacou que há atualmente um movimento mundial pela conciliação.
“Estamos vivendo, no mundo todo, experimentos muito interessantes sobre soluções adequadas a uma nova realidade. Para esse novo tipo de sociedade se imaginam fórmulas diferentes, fora do Judiciário, para a resolução de conflitos. Em muitos desses casos, essas fórmulas foram experimentadas pela administração pública.”
Outro ponto importante, para Salomão, é falar sobre o papel das agências reguladoras. De acordo com ele, esses órgãos são subaproveitados atualmente. “Precisávamos, realmente, de uma revisão para ver por que as agências reguladoras não previnem o litígio.”
O evento na USP terá seminários nesta quarta (6/11), das 9h às 17h, e nesta quinta (11), das 14h30 às 17h. As palestras são gratuitas e abertas ao público.
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