Grandes Temas, Grandes Nomes do Direito

Bancos precisam monitorar movimentação política, diz Fábio Faria

 

29 de maio de 2024, 16h40

O risco político e institucional do país é algo muito ligado ao sistema financeiro, que busca o tempo todo saber o que se passa em Brasília, de acordo com o diretor do banco de investimentos BTG Pactual e ex-ministro das Comunicações, Fábio Faria.

Diretor do BTG Pactual, Faria faz conexão entre o banco e a política em Brasília

Contratado no ano passado para atuar como gerente sênior de relacionamento do banco, Faria explica que não cabe ao sistema financeiro “se intrometer” diretamente na política ou nos Poderes. Porém, é natural que os bancos tenham conexões em Brasília para tentar “entender os movimentos” feitos pelo governo federal ou pelo Congresso.

“Os bancos precisam estar alinhados para saber se determinado projeto vai para frente, se há risco de ruptura, se a reclamação do presidente da Câmara, ao dizer que vai romper (com o governo), é real mesmo, se há chance de conciliação — tudo é levado em conta”, disse Faria em mais uma entrevista da série “Grandes Temas, Grandes Nomes do Direito”. Nela, a revista eletrônica Consultor Jurídico conversa com os principais nomes da política e do meio jurídico sobre os temas mais relevantes da atualidade.

Segundo Faria, o sistema financeiro funciona como balizador desses movimentos na economia. Isso ocorre, por exemplo, quando o governo toma alguma medida que pode oferecer risco ao equilíbrio das contas públicas e, como consequência disso, a Bolsa cai.

“Isso não é combinado pelos bancos. Eles não dialogam para combinar se a Bolsa vai subir ou cair. É apenas um reflexo de algo que o governo fez ou do que o Legislativo fez — uma medida apresentada de repente, um projeto de lei criado por um parlamentar. O sistema financeiro apenas avalia se aquele projeto tem risco de ir para frente e, se houver risco, já vemos uma mudança muito grande em dois, três, cinco minutos no mercado financeiro.”

Ex-deputado federal, Faria observa que, quando há risco de crise entre as instituições, o ambiente de negócios é um dos maiores impactados — daí a importância do monitoramento feito pelas instituições financeiras no meio político.

“No Executivo, por exemplo, quando há risco de impeachment, como ocorreu com a presidente Dilma Rousseff, há uma recessão enorme. E quando há uma briga entre o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, muitas vezes vemos o dinheiro dos investidores saindo do país”, justificou Faria, que foi deputado pelo Rio Grande do Norte por quatro mandatos e ministro das Comunicações do governo Jair Bolsonaro entre 2020 e 2022.

“Cumpra-se”

Sobre a atual tensão entre o Legislativo e o Judiciário, Faria afirma que, independentemente de as decisões judiciais agradarem ou não determinada ala da política, é preciso acatá-las.

“Respeito às instituições é sempre importante para que possamos manter o país em ordem. É trabalhando no Legislativo que se pode fazer qualquer mudança, e não interferindo em uma decisão que foi tomada pelo Poder Judiciário”, concluiu.

Clique aqui para assistir à entrevista ou veja abaixo:

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