CNJ abre reclamação disciplinar contra desembargador por fala machista
5 de julho de 2024, 21h44
O corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, instaurou reclamação disciplinar nesta sexta-feira (5/7) contra o desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná Luís Cesar de Paula Espíndola, em função de discurso preconceituoso e misógino em relação a uma menor de 12 anos vítima de assédio. O caso ocorreu durante sessão de julgamento na quarta-feira (3/7), na 12ª Câmara Cível do TJ-PR, quando se decidia sobre uma medida protetiva, requerida pelo Ministério Público, em favor da menina, que se sentiu assediada por um professor da escola.
O desembargador criticou o “discurso feminista” e afirmou que “a mulherada está louca atrás de homem”. Para o ministro Salomão, “infelizmente, ocorrências desse tipo envolvendo a fala e a postura de magistrados com potencial inobservância dos deveres do cargo e princípios éticos da magistratura têm chegado com recorrência ao conhecimento desta Corregedoria Nacional de Justiça, e, não por acaso, envolvendo mulheres como destinatárias dos atos praticados”.
Na decisão, o corregedor afirmou que “é necessário discorrer cada vez mais sobre a cultura de violência de gênero disseminada em nossa sociedade”.
“Ela é fomentada por crenças e atos misóginos e sexistas, além de estereótipos culturais de gênero. Ao se tornar habitual e naturalizada, a discriminação dá ensejo à violência, e gera práticas sociais que permitem ataques contra a integridade, saúde e liberdade da mulher. A responsabilidade do Poder Judiciário e de seus membros, nesse mister, é inafastável”, afirmou Salomão.
O desembargador será intimado da decisão e terá 15 dias para prestar informações sobre os fatos. O processo tramitará em segredo de Justiça. Com informações da assessoria de imprensa do CNJ.
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