corporações contaminadas

Lessa diz que policiais do Rio se desfaziam de inquéritos por R$ 50 mil

 

28 de agosto de 2024, 11h54

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira (27/8), o ex-policial militar Ronnie Lessa, autor confesso do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes em 2018, disse que policiais civis do Rio de Janeiro faziam inquéritos “sumir” caso alguém lhes pagasse R$ 50 mil.

Ronnie Lessa, ex-PM preso e réu confesso do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes

Lessa foi adido da Polícia Civil, ou seja, emprestado pela PM às delegacias. Durante o depoimento, o réu colaborador afirmou que as polícias do Rio “estão contaminadas há décadas”. As informações são do jornal O Globo.

“Talvez hoje, se tivesse uma intervenção, uma coisa séria, e aparecesse um cara para denunciar, provando que deu dinheiro a tantos delegados, ia ter que abrir concurso. Não ia ter espaço. Meia dúzia que iria se salvar. Essa é a realidade da Polícia Civil. E não é diferente da PM, não. É a mesma coisa”, apontou o ex-policial.

Inquéritos incinerados

De acordo com Lessa, muitos inquéritos físicos eram incinerados. Nos últimos anos, os procedimentos foram digitalizados, mas isso não impedia os policiais de “tentar manipular o processo” e desviar o foco das investigações.

Outro ponto levantado pelo colaborador foi a influência de políticos — como os irmãos Chiquinho (deputado federal) e Domingos Brazão (conselheiro do Tribunal de Contas estadual), acusados de serem mandantes do assassinato de Marielle e Anderson — para indicar ou retirar policiais de determinados postos e, assim, ajudar a encobrir seus crimes.

No depoimento, Lessa também reiterou que os irmãos Brazão ordenaram a execução da vereadora.

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