Popularidade da Suprema Corte dos EUA vem caindo consistentemente
29 de maio de 2022, 7h26
Desde que a Suprema Corte dos EUA foi ocupada por uma sólida maioria de seis ministros conservadores-republicanos contra apenas três liberais-democratas, a aprovação do trabalho da instituição vem caindo consistentemente.
A queda mais acentuada, de 10%, ocorreu entre a penúltima pesquisa, de março de 2022, e a última, de maio de 2022. Em março de 2022, 54% dos entrevistados declararam que aprovavam o trabalho da Suprema Corte. Em março de 2022, apenas 44% declararam a mesma coisa.
No outro polo, 45% dos entrevistados desaprovavam o trabalho da Suprema Corte em março; em maio, foram 55% dos entrevistados.
Época das pesquisas |
Aprovam |
Desaprovam |
---|---|---|
9/2020 |
66% |
33% |
7/2021 |
60% |
39% |
9/2021 |
49% |
50 |
11/2021 |
54% |
46% |
1/2022 |
52% |
46% |
3/2022 |
54% |
45% |
5/2022 |
44% |
55% |
Os números são mais expressivos, quando subdivididos: apenas 8% dos eleitores aprovam fortemente o trabalho da Suprema Corte; 36% aprovam de certa forma; 31% desaprovam de certa forma, 23% desaprovam fortemente; 1% não tem opinião.
Os índices de aprovação e desaprovação da Suprema Corte variam significativamente entre os eleitores republicanos, democratas e independentes. Obviamente, a maioria dos republicanos (68%) aprova o trabalho da Suprema Corte que, ultimamente, tomou várias decisões alinhadas à ideologia conservadora. E a maioria democrata desaprova (73%). O dado mais significativo se refere aos eleitores independentes, porque, afinal, são eles que decidem as eleições: 59% desaprovam a Suprema Corte.
Partido |
Aprovam |
Desaprovam |
---|---|---|
Republicanos |
68 |
32 |
Democratas |
26 |
73 |
Independentes |
38 |
59 |
Aparentemente, o motivo da queda da popularidade da Suprema Corte no período de março a maio tem a ver, sobretudo, com a divulgação da minuta do ministro Samuel Alito, indicando que a corte vai revogar o precedente Roe v. Wade, que legalizou o aborto em todo o país em 1973, segundo o USA Today, o Washington Post e outras publicações.
Cerca de dois terços da população do país (o que inclui uma parcela de republicanos) desaprova a revogação do precedente. Cerca de um terço não tem problemas com a revogação de Roe v. Wade, mas a maioria dessa população prefere que o aborto seja regulamentado nos estados, apenas para estabelecer restrições – não para bani-lo inteiramente.
A situação pode piorar, porque a Suprema Corte tende a se posicionar na contramão da opinião pública também em outros casos. Em breve, a corte deverá decidir, por exemplo, uma ação movida contra uma lei de Nova York que restringe a compra e o porte de armas e é esperado que os amantes das armas vão levar a melhor.
Em algum momento, deverá entrar na pauta uma outra ação que vai esquentar os ânimos no país: o julgamento do precedente que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Atualmente, 69% dos eleitores são a favor de manter o precedente; 31% são contra. Mas não se sabe o que esperar de uma corte conservadora-cristã, que já declarou que não se guia pela opinião pública.
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