Pensando a Lápis

Desenhando a democracia com as cores da diversidade

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15 de agosto de 2022, 8h06

O artigo desta semana foi pensado com toda a aquarela da democracia brasileira que coloriu o dia 11 de agosto de 2022 por todo o país, e, em especial, no Largo São Francisco, em São Paulo.

Cores de nossas etnias, de nossa terra e de nossa gente. De todos os gêneros, de diferentes gerações, credos e convicções.

Coro de muitas vozes em todos e diferentes sons rogando por uma única causa: a democrática.

Fizemos parte desse coro, como cidadãs. Fizemos coro na leitura das Cartas porque temos o orgulho de sermos associadas ao Iasp, que, ao lado de tantas relevantes entidades, foi delas signatário.

E o momento foi e continua sendo histórico e único, e por isso merece ser objeto deste artigo.

Afinal, o futuro depende dos tons que colorem este imenso território de liberdade de ideias e cabe a nós mantermos as linhas desenhadas em nossa Carta Constitucional de 1988, devidamente, livres de ameaças.

Participamos desse movimento agregador dos cidadãos brasileiros, porque precisamos conduzir as mãos dos que desenham o nosso Estado. Como povo e verdadeiros detentores do poder, precisamos ocupar a posição que temos numa democracia: exercer a nossa cidadania pelo voto e pela voz.

Ter estado presente aos atos mostrou-nos a importância da necessária releitura dos nossos conceitos, porque continuamos a lutar pela liberdade e pela democracia como tantos e tantas que nos antecederam, mas é certo que os atores mudaram e o Brasil mudou.

A mudança fica clara no lúcido e forte discurso da estudante de Direito da USP e presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto, Manuela de Morais Ramos, nas seguintes palavras: "não queremos a democracia da fome, a democracia das chacinas e tampouco a democracia dos ricos. Queremos a antítese da democracia que temos hoje, em outros termos, a democracia da diversidade, a democracia dos trabalhadores, uma democracia real. Queremos a democracia dos povos, a democracia de todos os povos e todos os povos na democracia".

E, mais adiante, disse que o jovem ousa sonhar com a mudança. Sim, essa juventude que nos faz repensar e querer lutar pela democracia que vai do respeito ao resultado das eleições, passa por melhores condições de vida a todos os brasileiros e brasileiras, e estará completa quando todos os cidadãos tiverem oportunidades em nosso grande Brasil. Oportunidade de estudar, trabalhar, ser eleito, governar, legislar, julgar, educar; enfim, participar ativamente dos destinos do nosso país.

Nos discursos que se alternaram no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP, ouvimos intelectuais, empresários, sindicalistas, vozes representativas do movimento negro, da academia. As vozes tinham um único fim: garantir a democracia e a liberdade.

Os desenhos de democracia e de liberdade que foram "rabiscados" nesses discursos trazem novos traços, novas cores. Os traços da tolerância e as novas cores que representam a diversidade. Não há lugar para desenhos que representem um único modelo. Somos plurais.

E esse novo desenho do Estado Democrático de Direito que implica em mãos próximas, ouvir todas e todos e em abrir espaço para todos os povos, só pode ser feito pela união das pessoas. Quando estávamos entoando o Hino Nacional, com as forças das nossas vozes e dos nossos corações, pudemos entender que nada pode ser mais forte do que a junção dos diferentes em prol de um ideal comum.

O Brasil não é mais um país em que os representantes dos Poderes só venham de uma parte da população, no caso, a mais privilegiada.

Enfim, com a emoção à flor da pele na leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, tivemos uma certeza: esta coluna sempre traz muitas reflexões sobre o futuro que nos surpreende, propõe novas questões, por isso o nome "Pensando a Lápis"

Entretanto, quando o tema é resguardar a democracia, não há tempo para pensar a lápis, e por essa razão assinamos, com todas as chancelas, com as tintas de nossa história.

Estado Democrático de Direito Sempre!

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