Fux repudia ataques e diz que crise deve fortalecer confiança nas instituições
2 de agosto de 2021, 15h54
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, abriu os trabalhos do segundo semestre da Corte com um forte discurso em defesa da democracia e das instituições. "Numa sociedade democrática, momentos de crise nos convidam a fortalecer — e não deslegitimar — a confiança da sociedade nas instituições. Afinal, no contexto atual, após 30 anos de consolidação democrática, o povo brasileiro jamais aceitaria que qualquer crise, por mais severa, fosse solucionada mediante mecanismos fora dos limites da Constituição", disse.
![](https://www.conjur.com.br/img/b/luiz-fux-20211.jpeg)
Diante dos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao STF, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, particularmente ao ministro Luís Roberto Barroso, Fux lembrou que o relacionamento entre os Poderes pressupõe atuação dentro dos limites constitucionais, com freios e contrapesos recíprocos, mas com atuação harmônica e alinhamento entre si em prol da materialização dos valores constitucionais. "Porém, harmonia e independência entre os poderes não implicam impunidade de atos que exorbitem o necessário respeito às instituições."
E prosseguiu: "permanecemos atentos aos ataques de inverdades à honra dos cidadãos que se dedicam à causa pública. Atitudes desse jaez deslegitimam veladamente as instituições do país; ferem não apenas biografias individuais, mas corroem sorrateiramente os valores democráticos consolidados ao longo de séculos pelo suor e pelo sangue dos brasileiros que viveram em prol da construção da democracia de nosso país".
Segundo Fux, “a manutenção da democracia exige permanente vigilância, a ser executada por muitos olhos, mãos e vozes, com obediência a inafastáveis pressupostos: 1) sociedade civil educada e consciente de seus direitos e deveres; 2) imprensa atuante e independente; 3) atores políticos cumpridores das regras do jogo democrático e responsivos aos diversos interesses da população; 4) magistrados independentes, fiéis à Constituição e às leis; e 5) instituições fortes,inclusivas e estáveis”.
Embora não tenha citado o presidente Jair Bolsonaro em nenhum momento, o presidente do STF deixou claro que o Judiciário não entrará em discussão com ele. “Embora diuturnamente vigilantes para com a democracia e as instituições do país, os juízes precisam vislumbrar o momento adequado para erguer a voz diante de eventuais ameaças”, concluiu.
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