Escola de futuro

Facamp é a melhor novidade no ensino do Direito

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6 de outubro de 2007, 0h00

Em meio ao grande alvoroço provocado pela nebulosa avaliação das escolas de Direito, divulgada pelo Ministério da Educação (MEC) na semana passada, floresceu uma verdade incontestável: há uma nova instituição de ensino do Direito de excelência na praça. Trata-se da Faculdades de Campinas, que já vai se tornando popular com o nome de Facamp, e que formou sua primeira turma de bacharéis em 2006.

A Facamp reivindica um índice de aprovação de 88,9% no Exame de Ordem da OAB-SP. Os números não batem com os informados pela própria OAB, que dá conta de uma taxa de sucesso de 64,86% no primeiro exame feito este ano (131) e de 52,94% no segundo (132). Mas nenhuma das duas versões estatísticas está muito distante da realidade: dos 37 alunos formados pela escola em sua primeira e única formatura em 2006, nada menos que 33 já estão com a carteira de advogado na mão. O que dá um índice próximo ao propalado pela escola.

O sucesso da instituição se revela também por uma taxa de empregabilidade próxima da plenitude: segundo dados da própria Facamp, de cada 10 profissionais formados em seus bancos de estudo, nove estão empregados. Além do Direito, a estatística inclui também as outras áreas de ensino da Facamp: Administração, Design, Propaganda e Marketing, Jornalismo, Economia, Engenharia de Produção e Relações internacionais.

Tanto o curso de Direito, que recebeu nota 5, quanto os cursos de Jornalismo, Propaganda e Design, obtiveram nota máxima na avaliação do Enade, o Exame Nacional de Avaliação de Estudantes, feito pelo MEC.

Filhote da Unicamp

Com apenas sete anos de existência, a Facamp é ainda uma criança. De boa família, diga-se de passagem. Ela é conhecida também como filhote da Unicamp, a Universidade Estadual de Campinas, centro de excelência universitária com reconhecimento mundial. O apelido vem do fato de os criadores da escola serem todos ex-professores da Unicamp: os economistas Luiz Gonzaga Belluzzo, João Manoel Cardoso de Mello e Liana Aureliano. Os dois primeiros são também bacharéis em Direito. No currículo dos três, além de passagens pela administração pública federal e estadual, está a participação no processo de criação da própria Unicamp.

Aposentados da Unicamp, os três economistas decidiram continuar sua vida no magistério. Com a experiência de anos de serviço a uma das melhores universidades do país e com a inclusão na parceria do ex-presidente da Bovespa e da BM&F, Eduardo Rocha Azevedo, criaram a Facamp. “Tínhamos um projeto para criar uma escola que fosse de ciências humanas e que fosse de excelência”, diz Liana.

Numa área de 100 mil metros quadrados, entre os campi da Unicamp e da PUC-Campinas, recortada por bem cuidados jardins, surgiu a Facamp. A escola tem alguns diferenciais. Todos os cursos são em período integral. “Os alunos chegam às 8h e vão para a casa às 17h”, diz Liana. Além de aulas, os estudantes ocupam o seu tempo com sessões de estudo dirigido.

Todos os professores, além da titulação, têm experiência comprovada na profissão. Dos 49 professores que compõem o corpo docente do Direito, 22 são mestres e 14 doutores. Há ainda nove mestrandos e dois doutorandos, além de um livre docente, o coordenador do curso, Alaor Caffé Alves.

Depois da graduação

Outro diferencial da Facamp é o “mentor de egresso”. Além do tutor de turma, que monitora e orienta os alunos, a escola oferece também os serviços de um guia para os novos profissionais formados em seus bancos escolares. Ele acompanha os primeiros passos do ex-aluno no mundo do trabalho, avaliando seu grau de satisfação e sua evolução profissional. É este tipo de acompanhamento permite que a escola tenha em dia o seu índice de empregabilidade.

Com o exemplo de um graduado da escola de administração, Liana conta como funciona o “mentorado”: “O filho de um grande empresário se formou e foi trabalhar na empresa do pai. Ganhava muito bem, mas era super-protegido e não encontrava espaço para se desenvolver”. O mentor fez uma reunião com pai e filho e todos se convenceram de que a melhor solução era o rapaz ir buscar colocação no mercado e voltar à empresa familiar depois de amadurecido. “Hoje ele está empregado, ganha três vezes mais e está feliz com o que faz enquanto espera o momento certo para voltar.”

O currículo também busca se diferenciar. Por exemplo, língua portuguesa e inglesa são disciplinas obrigatórias em todos os semestres do curso. A Faculdade de Direito oferece ainda como optativo o espanhol e em paralelo o aprendizado de outros idiomas, como alemão e mandarim. Também faz parte do currículo disciplinas como filosofia, ciências políticas, sociologia e economia. Além, claro de informática. Outra peculiaridade são as oficinas de trabalho, aulas práticas que permitem ao aluno elaborar peças jurídicas desde o primeiro ano do curso. Estágio, mesmo, só no último ano. E tome aulas. Enquanto o currículo reformulado da USP, ainda a referência dos cursos jurídicos no país, oferece um curso com 2.600 horas/aula, o da Facamp tem 7.300 horas/aula.

Aluno que vai mal nas aulas recebe carta da escola em casa, com cópia para o pai, indagando o que está acontecendo e oferecendo ajuda para a recuperação. “Esse acompanhamento é possível porque temos poucos alunos”, diz Liana. Em toda a Facamp são cerca de 2 mil alunos. No Direito, não mais do que 50 por turma. Dependendo da disciplina e no caso de aulas práticas, no máximo 25 em cada sala.

O próximo vestibular é agora no dia 27 de outubro. Em Direito, a média é de cinco candidatos por vaga. Mas a diretoria não vai aumentar o número de oportunidades. Para ser a melhor, a Facamp escolheu ser pequena.

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